terça-feira, 2 de dezembro de 2014

À moda dos Favaios 2014

Desde o ano passado que havíamos ficado de fazer uma nova visita para explorar mais uns carreiros de cabras com os irmãos Favaios que além de gente humilde e pacata, têm um gosto refinado nos percursos que nos apresentam. Sendo que nós também o somos e gostamos de alguma dureza aliada a caminhos o mais estreitos possíveis, junta-se a fome à vontade comer e temos um grupo animado e sem queixas a apresentar. Quer dizer, o Rui vai queixando-se ao longo do dia mas já é da sua natureza talvez por questões ligadas ao futebol que o deixam demasiado queixoso!
 
As viagens até ao destino para onde vamos pedalar por norma são sempre pouco relatadas porque no fundo resume-se a fazer a antevisão do dia e no final o rescaldo. Mas com o Zé aka "mata-velhos" a conversa é bem diferente! Na ida vamos sempre a comentar as voltas que fazemos durante a semana mas no caso dele, vamos comentando as peripécias que lhe vão acontecendo pois ele é sem dúvida uma personagem marcante e também um Macgyver ligeiramente mais envelhecido. Começou desde logo a explicar que veio naquela bicicleta (tem várias) porque uma das outras tem a transmissão mais gasta mas atenção, porque já tem lá material novo para meter da "Xisssmano" mas ainda não teve tempo de meter pois apesar de ter o dia por conta dele, parte é passado a andar, concertar avarias e concertar as avarias que não ficaram bem concertadas à primeira. Mas as histórias e explicações extra não terminam nesse tema pois o seu carro dá muito que falar e então a teoria de porque é que quando vai mudar o óleo tem sempre mais óleo do que é metido na muda! Poderia explicar aqui a razão mas como a viagem durou uma hora, é melhor não me alongar muito neste tema... Senão ainda teria de explicar a impermebialidade das tendas de campismo da marca "Kchua" que ele utiliza nas suas deslocações ao estilo hippi. É um senhor o nosso Zé, podemos brincar com ele sem maldade alguma que está tudo bem. Uma pena que seja uma coisa exclusiva da maioria dos portugueses!
 
À chegada a Jales os nossos anfitriões já lá estavam e ainda nos deitaram uma mão na montagem das bicicletas embora não tenham aproveitado o reforço do pequeno almoço trazido pelo Rui e pelo Zé, sortido, pão com manteiga acompanhado por café quentíssimo e vinho do porto. Uma delicia logo pela manhã que estava fresca mas nada comparável ao ano passado em que ouvíamos a neve a estalar à nossa passagem. Antes das 9h lá nos fizemos ao monte sendo que fomos tomando um norte que nos levaria para a zona de Pedras Salgadas, coisa que me agradaria bastante mas às tantas já estávamos a virar ao contrário por entre umas subidas técnicas e animadas que nos deixaram logo bem quentes e com vontade de tirar roupa que já ia a incomodar. À chegada ao parque éolico percebi que íamos descer por isso há que manter os farrapos no sitio certo para não arrefecer! E lá pelo meio de um carreiro que tem bem cara de ser pouco usado fomos ter a Guilhado que seria o balanço necessário para começar um dos momentos mais bonitos do dia. Fomos descendo por entre um trilho quase fechado pela carqueja mas que a certo ponto abriu para dar lugar a um bosque de coníferas bem esculpido. A descida foi rápida e quase deu lugar a um embate com uma árvore mas safei-me por pouco de ter deixado lá a minha marca :)
Mais um pouco e estávamos a cruzar a nacional à saída de Vila Pouca e sua ciclovia(ex caminho de ferro). Imaginei que iríamos subir um caminho que rondava a A24 e que ao longe eu comentei com o Tico que "aquilo deve ser um bom biscate". E foi! Após uns metros a pedalar em Caminhos de Santiago entramos num trilho técnico mas que rapidamente deu lugar ao estradão empinado que se vê na foto. Uma delicia que deu uns bons 10/15minutos sempre a roer!
Depois deste calo as dificuldades sossegaram e foram apenas interrompidas por alguns lados artificiais formados pelas águas que o São Pedro tem deixado cair sem apelo nem agrado nos últimos tempos. Acho que fui o único a ficar atolado num desses locais!
Estávamos numa lagoa no Alvão. Pelo menos era assim que lhe chamava até então pois eu já conhecia, mas agora fiquei a saber que se chama Barragem da Falperra! Com ou sem nome correcto o local é muito bonito e deu para umas fotos bem tiradas e para nós comer-mos alguma coisa sem perder muito tempo.
Lá arrancamos contornando a lagoa ao mesmo tempo que íamos contemplando as obras que por lá estão em curso em direcção à Pedra Bolideira. A natureza tem destas coisas... Um calhau enorme que com a força de um homem, ou dois meios homens, lá se abana por todos os lados! Deu ali mais uns momentos de brincadeira e também para o Zé Favaios nos pré avisar que iríamos curtir à brava até ao Castelo de Aguiar. 
E assim foi. Eles escolhem mesmo o que de melhor há e não se poupam a esforços para o conseguir. Ou debruçados nos mapas ou no terreno eles fazem por ligar sempre caminho com trilho e estradas nem que sejam rurais ficam sempre de fora. Há que fazer uma vénia a eles por este trabalho e espera-se que quem meter os pés ao caminho para aproveitar estes tracks que por aí andam, que não andei a sujar as matas e respeitem as pessoas locais acima de tudo. Btt não quer dizer que somos selvagens com a mania de prós!
A chegada foi top misturando um conjunto de caminhos rápidos com subidas curtas só mesmo para travar a malta mas que ambos são polvilhados por todos os lados de folhas caídas deste Outono.
Aí fizemos uma paragem mais longa para ver, visitar, conhecer e comer mais alguma coisa para confortar a barriga e a alma! O Castelo está muito bem tratado e muito será por culpa do sossego que se vive neste recanto e como tem uma aldeia pacata ao lado os amigos do vigário ainda não deram com isto. Aproveitamos então para uma foto de grupe!!
 À saída novo aviso: "Por aqui abaixo é para curtir à brava e a trajectória é sempre à direita".
Cumpri pelo menos a ideia principal, curtir à brava! Pedalar monte abaixo assim com um grupo é muito bom pois nunca é preciso olhar para trás ou fazer esperas para reagrupar. A intenção é não travar muito para não perder o fio a quem vai à frente e não alongar quem está atrás de nós! Até à vila foi sempre a dar ao pedal por entre muros e caminhos rurais por onde o gado passaria no antigamente. Uma coisa que fui reparando é que por ali as populações estou um pouco à frente no tempo pois para vigiar as ovelhas ou gado usam um burro, ao contrário do vulgar cão ou até mesmo o pastor! Mais 10anos vão vigiar os animais por satélite... Pensamentos.
 
Chegamos à vila com a alma quente pela descida mas com o corpo algo frio e por isso aclama-mos por uma paragem num café. Não foi uma paragem longa mas pelo menos eu aproveitei para um cafézinho e duas de treta com os locais! Um senhor entrou na minha conversa e aquilo deu pano para mangas, o homem já nem queria ir embora e na verdade eu ficava a ouvir-lo mais uma hora a contar histórias de vida. O homem disse-me o nome das estações de comboio desde Évora até Bragança por ordem! Arrancamos de novo e cruzamos o a ciclovia tal como de manhã, o percurso perfazia um "8" e como tal havia que juntar e separar as águas ao mesmo tempo. À entrada do monte a coisa começou animada mas depois tivemos de seguir empurrando as bikes encosta acima! Ok na hora todos pensamos que aquilo não fazia sentido, depois percebemos que não havia alternativa para conseguir desfrutar de uns 500metros de descida pelo meio do bosque que apareceram ao fim de uns minutos. Que delicia aquilo, sentia-me nos Alpes ali e ao comentar isso com o Tico ele lá me confessou que pensou exactamente o mesmo. Vá lá que pensou o mesmo que eu uma vez... Por norma eu penso em mulheres! :)
Pouco depois dos petiscos lá nos saiu um caminho em obras, e os empreiteiros estavam lá, e não se livraram de uma brincadeira logo na hora!
Daqui só havia uma solução para regressar ao carro e essa 
era subir, e a subida levaria-nos até Tinhela de Baixo onde o Tico lá resolveu furar para dar um pouco de trabalho. Volta de estrada ou btt sem o Tico ter um furo é quase como o Zé não levar um chouriço ou vinho.
Até ao ponto de arranque apenas a registar mais uns calos ali pelas redondezas de Filhagosa que nos deram que fazer mais uns minutos mas ainda não seriam 16h estávamos nos carros consoladinhos da vida! Para os meus ossos a dose já chegava por hoje mas na minha mente e vontade andava mais umas quantas horas por ali, coisa que certamente para o ano iremos ter oportunidade espero eu.
À chegada estavam a começar a cair umas pingas de chuva e em boa hora demos por terminada a volta e fomos tomar um banho ao clube da terra que mais uma vez nos acolheu muito por culpa dos manos. Obrigado e que bem soube!
É certo que poderia investir mais umas quantas palavras a descrever a qualidade da zona e o requinte na escolha feita pelo Zé e o Sérgio Favaios mas não valeria a pena porque para deixar água na boca aos outros já bastam as fotos e vídeos! 
 
Findo aqui as minhas palavras agradecendo mais uma vez ao Zé Favaios que é com quem costumo falar mais pois costuma andar sempre mais na frente da malta e com quem vou trocando opiniões sobre várias coisas. Obrigado Zé!
Sérgio tu também és grande pessoa e boa rés mas no decorrer desta volta falei mais contigo só pelo rádio em tons de brincadeira. É com gosto e amizade que agradeço o empenho deles e tenho a firme certeza que por eles a cada passo lá estaríamos para umas visitas. Sabe bem ter amigos do outro lado que entendem os nossos gostos pelos trilhos!
Deixo aqui tb uma palavra para o Rui que nos presenteou com o pequeno almoço quentinho à maneira e com a boa disposição que já é natural dele e para além do mais já fez um amigo, o Pedro Indy, que também é benfiquista!
Ao Hugo agradeço pela companhia sempre que possível pois sempre que começa a subir ou calo-me ou então são 500metros de avanço logo de rajada.
O Tico que é um amigalhaço que está sempre na brecha à procura de filmar uma queda minha, qualquer dia dou-te o presente que tanto anseias...(daqui a uns anos se possível).
Zé aka mata-velhos que com os seus ensinamentos e proezas semanais lá nos entretém umas horas fazendo com que nos sintamos pequenos à beira dos seus 50 e tal anos...
O Paulo/ Serguey/ Yuri que logo pela manhã entre a cevada quentinha e o vinho do porto não teve dúvidas em optar pelo néctar divino que o aqueceu ao longo do dia enquanto pensava como ia fazer se não houvesse uma bomba de gasolina na vila no momento certo.
Ao Pedro Indy que começa a ser um gajo bem disposto sempre pronto para alinhar numa brincadeira e agora sempre tem mais um amigo, o Rui que também é benfiquista!
Ao Nuno Faria que lá foi aparentando falta de experiência neste tipo de passeios, especialmente porque se apresentou de meias de compressão, coisa que é excluída pelos estatutos do Team Empreitadas S.A, Ceva e Kézia Team. Da próxima envio-lhe um pdf com o dress code!!
 
Bem chega de treta(já disse isso atrás) ficam aqui mais umas fotos:



 


 
Um vídeo feito e realizado por mim:
 
Aqui um link para os vídeos do Pedro Ribeiro, são cerca de 10 curtos vídeos e bastante interessantes:
 
Tá tudo dito e mostrado... Estou pensando na próxima aventura!

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